Cenários em tela

djanira05g

(Festa do Divino em Paraty, Djanira, 1962)

Pintora, ilustradora e gravadora, Djanira (1914-1979) nasceu em Avaré, no interior de São Paulo, mas viveu a maior parte da vida no Rio de Janeiro. Na década de 60, morou em Paraty e participou intensamente da vida cultural da cidade. O documentário “Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty”, de 1968, dirigido por Pedro Rovai, com roteiro e narração do poeta Zé Kleber e produção de Nelson Penteado conta a história da artista e seu envolvimento com a cidade.

djanira-pintora

Djanira viveu com o marido, o funcionário público José Shaw da Motta e Silva, o Motinha, na praia do Corumbê, a 5 km de Paraty, sentido Rio. A casa onde o casal viveu e ela pintou muitas obras continua ali, infelizmente em ruínas, mas não deixa de ser um belo passeio, conhecer a praia e a antiga morada da artista.

14213536

Entre suas telas mais famosas, estão a “Festa do Divino em Parati”, de 1962, hoje parte do Acervo do Palácio dos Bandeirantes. Para quem não sabe, Djanira foi a primeira artista latino-americana a ter um obra na Pinacoteca do Vaticano. O escritor baiano Jorge Amado disse sobre ela:

Djanira traz o Brasil em suas mãos, sua ciência é a do povo, seu saber é esse do coração aberto à paisagem, à cor, ao perfume, as alegrias, dores e esperanças dos brasileiros. Sendo um dos grandes pintores de nossa terra, ela é mais do que isso, é a própria terra, o chão onde crescem as plantações, o terreiro da macumba, as máquinas de fiação, o homem resistindo à miséria. Cada uma de sua telas é um pouco do Brasil.

O documentário “Memorial Djanira” apresenta o memorial dedicado a pintora em sua cidade natal, Avaré, e conta um pouco de sua história:

O curta-metragem que foi filmado em Paraty não está disponível no Youtube. Quem sabe conseguiremos resgatá-lo para exibir no novo Cinema da Praça?

 

 

 

Álbum em construção

A obra do Cinema da Praça| Espaço Experimental de Cultura segue a todo vapor, e tem sido documentada pelo grupo Ocupação 16, de Paraty. Aqui, algumas fotos feitas essa semana.

img_8759

O interior do salão principal

IMG_8760.JPG

Detalhe das paredes internas

IMG_8761.JPG

Salão principal em construção

IMG_8763.JPGTubulação em progresso

img_8764

As obras foram iniciadas, em junho deste ano, com o patrocínio da Petrobras, do Governo do Rio de Janeiro, da Secretaria de Estado de Cultura e da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro e apoio da Comunitas, a partir de uma iniciativa da Prefeitura de Paraty, por meio de sua Secretaria de Cultura, em parceria com a Associação Paraty Cultural.

Acompanhe as novidades aqui no site, na nossa página no Facebook e no Instagram @cinemadapracaparaty

A linha do tempo do Cinema da Praça

img_8622

De casa térrea a sobrado, de 1894 a 2016, saiba o que se passou com o imóvel que vai abrigar o novo Cinema da Praça, atualmente em obras.

1894 – 1908 O imóvel do antigo Cinema de Paraty, situado na rua Marechal Deodoro, 165 (ou Praça Monsenhor Helio Pires, s/nº), no Centro Histórico, era originalmente uma casa térrea.

1930  O casarão passou por uma ampla reforma e se transformou em sobrado, para abrigar o Cine São Jorge, que funcionou ali até 1973, marcando a memória cultural e afetiva dos paratienses.

img_8336

1974 Depois que o cinema encerrou suas atividades, o imóvel sofreu uma série de intervenções, de acordo com os usos propostos –nem todos eles efetivados por falta de aprovação do IPHAN –e por longos períodos permaneceu simplesmente fechado.

2011  O sobrado foi adquirido pela Prefeitura de Paraty.

img_8333

2014 A Secretaria de Cultura solicitou uma vistoria do imóvel, com intenção de devolvê-lo à cidade, inicialmente por meio de uma ocupação provisória com múltiplas atividades culturais. Enquanto isso, definiu-se a conceituação de seu uso, o programa funcional e o projeto de restauro e reforma –até chegar ao Cinema da Praça|Espaço Experimental de Cultura, inaugurado em 8 daquele ano.

2015 No dia 18 de junho, o projeto de reforma e adequação do espaço, assinado pelo arquiteto Marinho Velloso, da Secretaria de Obras da Prefeitura de Paraty, e aprovado, no mês seguinte, pelo IPHAN.

img_8334

2016 Em junho deste ano, as obras foram iniciadas, com recursos captados junto a Petrobras e, com o aporte da contrapartida da Prefeitura de Paraty, a inauguração oficial está prevista para dezembro deste ano. Lembrando que o projeto Cinema da Praça|Espaço Experimental de Cultura conta com o patrocínio da Petrobras, do Governo do Rio de Janeiro, da Secretaria de Estado de Cultura e da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro e apoio da Comunitas, a partir de uma iniciativa da Prefeitura de Paraty, por meio de sua Secretaria de Cultura, em parceria com a Associação Paraty Cultural.

Fotos: Ocupação 16

#cinemadapracaparaty #vaitercinema #Paratycultural #Petrobras #SEC #GovernodoRio #LeideIncentivoaCultura #Comunitas

Cinema Paradiso

13227133_874713322674768_8477772546343192861_n

Qualquer semelhança não é mera coincidência: a história de resistência de um pequeno cinema em uma poética cidade, como é o caso do Cinema da Praça|Espaço Experimental de Cultura, lembra o filme Cinema Paradiso e também o longa Splendor, estrelado por Marcello Mastroianni, que também foi o protagonista de Gabriela (Brasil, 1983), um dos mais famosos que têm Paraty como cenário. Vale a pena ver de novo esses dois filmes italianos (ambos de 1989), que sobre o amor pelo cinema e a importância cultural de cada um deles para uma pequena cidade.

Cinema-Paradiso-Poster.jpg

Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore

No vilarejo de Giancaldo, na Sicília, quando ainda não havia televisão, Totó (Salvatore Cascio) se encanta pelo cinema local, o Cinema Paradiso, e nesse contexto começa uma divertida e tocante amizade com Alfredo (Philippe Noiret), o velho projecionista do cinema local. Totó, curioso, adora observar o trabalho de Alfredo, sempre às voltas com os rolos de filmes e se interessa por todo o processo de projeção. Mesmo incomodado com a teimosia e persistência do menino, Alfredo, aos poucos, explica seu trabalho na prática, mas aconselha que o pequeno amigo busque uma profissão melhor.

Um incêndio no Cinema Paradiso, contudo, deixa Alfredo cego, e Totó assume, ainda criança, a função de projecionista. Não por acaso ele se torna um cineasta de sucesso em Roma e, só depois de 30 anos, retorna a Giancaldo, para o funeral de seu amigo Alfredo. Ali, ele relembra sua infância e adolescência e testemunha com muita tristeza a demolição do Cinema Paradiso. A parte mais emocionante é presente deixado para ele pelo velho amigo: um filme contendo cenas seguidas dos incontáveis e variados beijos, na época censurados pelo padre da igreja, onde ele era coroinha. Alfredo colou um por um, levando Totó e o público às làgrimas, em uma das cenas mais belas e emocionantes da história do cinema.

Splendor.jpg

Splendor, de Ettore Scola

Como acontece em Cinema Paradiso, esse roteiro se baseia na ascensão e declínio do cinema Splendor, gerenciado por Jordan (Marcello Mastroianni), como herança do pai. Aficionado pela sétima arte, ele batalha para que seu pequeno cinema, no interior da Itália, depois de 30 anos, não feche as portas. A população local não se interessa pelos filmes e deixa a sala às moscas. Por conta da chegada da televisão, a bilheteria não decola e a difícil situação financeira desencadeia uma visita de Jordan ao passado.

Em suas memórias, ele se lembra de como funcionava o cinema quando era criança: dentro de um carro, um rolo de filme vai passando, quadro por quadro diante da luz, projetada em um pano branco, ao mesmo tempo em que o som era tocado à manivela. A projeção mostra os grandes sucessos do cinema em diversas épocas, levando os espectadores a um passeio nostálgico. Na cabine de projeção, Luigi (Massimo Troisi) rouba a cena com sua atuação. Além de projecionista, ele é um cinéfilo apaixonado pelas musas do cinema mundial.

Em meio a essas recordações, Jordan recebe uma proposta tentadora para vender o imóvel para outro ramo de negócio. Talvez seja a solução para quitar suas dívidas, mas também o fim de um sonho. Splendor deixa nas entrelinhas a ideia de que, mesmo diante da hipótese de a sala acabar, o amor pelo cinema não morre jamais.